quinta-feira, 15 de março de 2007

Esse resumo é fruto de um trabalho cientifico desenvolvido pela Psicóloga Elaine Cristina Silva da Costa da Universidade Estadual do Centro Oeste do Paraná em Guarapuava e que foi apresentado o ano passado no Congresso internacional de Industria Cultural na Unimep em Piracicaba-SP, tive a oportunidade de assistir essa comunicação oral e achei muito interessante o trabalho. Vale a pena ler e pensar sobre o assunto... Pois só pensando temos a possibilidade de intervir, diferenciar e tomar uma decisão mais consciente com relação à essa cultura que cria as necessidades e ainda nos vende, nos convence e ainda nos faz achar que fizemos um ótimo negócio (mas lembrando que esse ótimo negocio tem prazo de validade, vale até o próximo objeto com mais tecnologia ser lançado no mercado).

O design masculino na industria cultural: A metrossexualidade no catálogo das subjetividades contemporâneas ou o “homem do espelho”

O mito de Narciso, a imagem de beleza refletida nas águas seduz o homem que a produziu e o convida a atravessar o espelho em direção a si próprio. Subjetivamente, temos a morte do individuo que mergulha em si mesmo, o narcísico. O “homem do espelho” de hoje é vazio, é imagem refletida do sistema que o calculou e o planejou. Através da teoria critica e da Psicanálise pretendemos refletir essa manifestação da sexualidade masculina intitulada
Metrossexualidade.
A mídia trata hoje o homem como novo modelo de valorização da aparência pessoal: um produto designado para ser objeto de desejo e de consumo, promovendo, dessa forma o aparecimento de novas subjetividades. A industria cultural, nas considerações de Adorno e Horkheimer, é cínica e perversa e não pretende esconder os interesses pelo metrossexual, buscando uma uniformidade massiva em seu consumo, explorando com isso, novos nichos de mercado antes inexplorados: A vaidade do homem. O corpo vem sendo tratado como mercadoria: Um acessório a ser redefinido, submetido ao design estipulado, projetado racionalmente e assim poder exibir uma identidade, assimilada a partir dos mass media. Como uma prótese de um individuo narcisico, o corpo precisa ser modelado, adaptado aos movimentos do mercado do desejo, como emblema de uma identidade masculina metrossexual. Esta designação “fashion mercadológica” foi criada na dec. de 90, e indica o “homem metropolitano e heterossexual urbano, empreendedor de si mesmo e excessivamente preocupado com a aparência, gastando grande parte do seu tempo e dinheiro cosméticos, acessórios, roupas de marca e engajado na cultura pop”. O homem do espelho, vaidoso vem a coincidir com o desejo feminino de um homem mais sensível, socialmente consciente, e engajado, porém produto de uma sociedade altamente administrada. O metrossexual não escapa à padronização, ao design planejado, onde a forma segue a função do “novo homem esclarecido” ou do “homem heterossexual melhor”. Personifica o fetiche pelo corpo jovem(ou seria do corpo infantil?): sem marcas masculinas grosseiras, sem pêlos, cheirosos e limpos como um bebê. Acaso não estaria a masculinidade sendo banalizada e empobrecendo, assim, os homens da experiência social, uma vez que buscam novos modelos que são produzidos culturalmente de forma a coincidir com um suposto “desejo feminino” e de mercado? A industria cultural atende as necessidades subjetivas, apropriando-se dos anseios íntimos, visando exclusivamente exacerbar o controle social através do oferecimento de um catálogo de opções de escolha e assim promover a reconciliação forçada entre particular e universal. O individuo adestrado e subsumido na totalidade social, esta sob um controle mais irracional e que promove a regressão e a auto sedução: fechado em si mesmo, o indivíduo narcisico procura uma adaptação funcional ao isolamento social e reproduz a estratégia de atomização engendradas pelos sistemas personalizados. O que vale é aparecer, ser reconhecido socialmente como objeto de prazer e de consumo. Adaptado ao seu mundo interior, empobrecido pela falta de experiências sociais e pela falha na identificação com o outro, o individuo torna-se um espelho vazio, fenômeno apresentado por Adorno e Horkheimer como pseudo-individualidade narcísica.

palavra viva da menina que ama o milagre

Um comentário:

Tulipa disse...

Lembro desta apresentação em pirrrracicaba!! valeu por deixar transcrito aqui neste nosso espaço.