quinta-feira, 27 de setembro de 2007

ESTRELA - Maiakovski

Escutai!
Se as estrelas se acendem será por que alguém precisa delas?
Por que alguém as quer lá em cima?
Será que alguém por elas clama, por essas cuspidelas de pérolas?
Ei-lo aqui, pois, sufocado, ao meio-dia,
no coração dos turbilhões de poeira;
ei-lo, pois, que corre para o bom Deus,
temendo chegar atrasado,
e que lhe beija chorando a mão fibrosa.
Implora! Precisa absolutamente
duma estrela lá no alto!
Jura! Que não poderia mais suportar
essa tortura de um céu sem estrelas!
Depois vai-se embora,
atormentado, mas bancando o gaiato
e diz a alguém que passa:
"Muito bem! Assim está melhor agora, não é?
Não tens mais medo, hein?"
Escutai, pois! Se as estrelas se acendem
é porque alguém precisa delas.
É porque, em verdade, é indispensável
que sobre todos os tetos, cada noite,
uma única estrela, pelo menos, se alumie.

Palavra Viva de MMM...

sábado, 8 de setembro de 2007

Sobre o amor...

Achei lindo esse texto e resolvi compartilhar com vocês...Desconheço o autor, mas parece-me tradução de música...


Talvez o amor seja seja como um lugar de descanso, um abrigo da tempestade, ele existe para te dar conforto, está lá para te manter aquecido...

E naquelas horas de dificuldade, quando você se sente mais sozinho, as recordações do amor trarão você de volta para casa...

Talvez o amor seja como uma janela, talvez como uma porta aberta...

Ele te convida a chegar mais perto, ele quer te mostrar mais;

E mesmo se você se perder, e não souber o que fazer, as recordações do amor farão você ver completamente;

O amor pra uns é como uma nuvem ... pra uns forte como o aço;

Pra uns um modo de viver ... pra uns uma maneira de sentir;

E uns dizem que o amor é segurar, uns dizem deixem-no partir, e alguns dizem que o amor é tudo;

Talvez o amor seja como um oceano [...] como uma fogueira quando está frio lá fora, trovão quando está chovendo

Se eu pudesse viver para sempre...

E ver todos os meus sonhos serem reais

Minhas recordações de amor serão de você!



palavra viva de Silvia

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Carta aberta sobre o infanticídio indígena no Brasil

O artigo: Não há morte sem dor está disponível em:

http://www.antropos.com.br/index.php?option=com_frontpage&Itemid=1

Vale a pena ler e nos interar desse assunto tão sério...

Carta aberta sobre o infanticídio indígena no Brasil

Carta aberta sobre o infanticídio indígena no Brasil

Por Ronaldo Lidorio*

Estamos juntando forças para pensar e agir sobre um assunto por demais importante. Trata-se do infanticídio praticado em etnias indígenas brasileiras sem que seja dado à família ou povo condições de diálogo sobre o assunto, na busca por outras soluções para as questões culturais que motivam tais fatos.

A ONG ATINI (Voz pela Vida) tem se proposto a discutir o infanticídio com o indígena e colaborar para a superação deste tabu social. Os elementos culturais que motivam o ato são dos mais variados em distintas etnias. Entre os Yanomami seria a promoção do equilíbrio entre os sexos. Entre os Suruwahá a deficiência física. Entre os Kaiabi o nascimento de gêmeos (sendo que a primeira criança é preservada), e assim por diante. Este não é um assunto exclusivo de nosso país. Na África centenas de etnias praticam o infanticídio. Muitos Konkombas de Gana, motivados pela subsistência, alimentam apenas as crianças mais fortes. Os Bassaris do Togo sacrificam as crianças que nascem com deficiência. Os Chakalis da Costa do Marfim o fazem por privilegiar o sexo masculino. Na China há amplo aborto de bebês do sexo feminino, por preferirem os meninos. Em dezenas de países o Estado e a sociedade têm se voluntariado para refletir sobre o infanticídio e tratá-lo à luz dos Direitos Humanos Universais. No Brasil ainda temos uma caminhada pela frente.

A ONG ATINI tem também distribuído amplamente a cartilha "O Direito de Viver" em mais de 50 etnias indígenas, gerando assim o ambiente necessário para o indígena brasileiro refletir sobre as questões ligadas ao infanticídio e outros atos nocivos à vida, dignidade e sobrevivência. Saiba mais acessando o endereço www.vozpelavida.blogspot.com.

A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, Brasília, promoverá uma audiência pública neste próximo dia 5 de setembro que discutirá o assunto como passo preparatório para a votação da lei Muwaji que regula e promove o diálogo construtivo pró-vida com os povos indígenas em nosso país. É o Projeto de lei 1057/2007 que aguarda parecer de aprovação no plenário. Fui convidado a participar do debate nesta data bem como em alguns outros ambientes acadêmicos e políticos nesses próximos 3 meses. Sinto que não podemos nos omitir.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos aprovada pela ONU em 1948 promulga que “todas as pessoas nascem livres e iguais em dignidade e direitos” (Art. 1). Afirma também que “toda pessoa tem direito à vida, à liberdade e segurança pessoal” (Art. 3). Continua declarando que “todos são iguais perante a lei e têm o direito, sem qualquer distinção, a igual proteção da lei (...) contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação” (Art.7). Saiba mais sobre a declaração acessando www.unhchr.ch/udhr/lang/por.htm .

A disputa no mundo das idéias é travada com base em duas teorias opostas. O Relativismo (neste caso mais extremado, radical) e a Universalidade Ética. O Relativismo radical torna as culturas estáticas e estanques e as pretere de transformações autônomas, mesmo as desejadas e necessárias. O bem é o bem permitido na cultura, cultivado por ela. O mal é seu oposto. Este relativismo, praticado de forma radical, incapacita o indivíduo, qualquer indivíduo, de propor mudanças em sua própria cultura por entender a cultura como um sistema estático e imutável, um universo a parte, pressupondo que as presentes normas culturais são perfeitas em si. Nasce daí o purismo antropológico, que enxerga todo elemento cultural como relevante e absoluto, todo costume como funcional e toda prática como algo justificável, sem necessidade de avaliação ou contraste, mesmo pelo próprio povo.

A Universalidade Ética, por outro lado, pressupõe que os homens, povos e culturas fazem parte de uma sociedade maior que é a sociedade humana. E esta possui, em si, valores universais de moralidade como a dignidade, sobrevivência do grupo e busca pela continuidade da vida do indivíduo. Rouanet expõe que o homem não pode viver fora da cultura, mas ela não é seu destino, e sim um meio para sua liberdade. Levar a sério a cultura não significa sacralizá-la e sim permitir que a exigência de problematização inerente à comunicação que se dá na cultura se desenvolva até o seu descentramento. Este argumento nos leva a compreender que os conflitos são universais, como a morte, o sofrimento, a discriminação ou a repressão. Perante conflitos universais podemos compartilhar a mútua experimentação na busca de soluções internas. Ao conversar com um índio Tariano no Alto Rio Negro, depois de prolongada sessão de perguntas sobre o processo tradicional Tária de sepultamento, ele concluiu dizendo que “como vocês brancos devem também saber, não há morte sem dor”. A dor, universal, resultado de conflitos e mazelas também universais, pede soluções internas que devem ser compartilhadas em um diálogo construtivo.

Porém este não é um conflito puramente de idéias e teorias em um cenário antropológico. Lida com vidas, histórias e ambientes humanos.


Devemos reconhecer o direito de todo indivíduo de levantar-se contra os valores culturais experimentados pelo seu grupo e propor novas alternativas, especialmente nos casos em que há dano à vida, à dignidade ou à subsistência.


Devemos reconhecer que nenhuma cultura é estática ou isolada da sociedade humana. E que, pertencente a esta, partilha também os mesmos sonhos e conflitos. Que a ação dialógica, sob o manto da autonomia de cada povo, trás benefícios humanos que não estancam a vivência cultural pois práticas aceitas na atualidade remontam a decisões passadas, por critérios próprios ou adquiridos.


Devemos reconhecer que o Estado brasileiro deve tratar o infanticídio indígena de forma ativa, informando e dialogando com as sociedades indígenas em nosso país a respeito das alternativas para solução deste conflito interno, que isente a morte das crianças. Que garanta o direito de vida, criação e dignidade dos indivíduos, independente de seu segmento étnico.

Carta aberta sobre o infanticídio indígena no Brasil

* Bacharel em Teologia pelo SPN – Recife/PE. Doutor em Antropologia pela Royal London University. Membro da American Anthropological Association. Pastor presbiteriano e membro da APMT e Missão AMEM. Consultor e autor de projetos de direitos humanos e reorganização social pós guerra em Gana, África, entre 1995 a 1999.


Carta aberta sobre o infanticídio indígena no Brasil

Email: ronaldo.lidorio@terra.com.br

Site: www.ronaldo.lidorio.com.br



Palavra viva de Silvia


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

A FÁBULA - Engenheiros do Hawaii

Era uma vez um planeta mecânico

Lógico, onde ninguém tinha dúvidas

Havia nome pra tudo e para tudo uma explicação

Até o pôr-do-sol sobre o mar era uma gráfico

Adivinhar o futuro não era coisa de mágico

Era um hábito burocrático, sempre igual

Explicar emoções não era coisa ridícula

Havia críticos e métodos práticos

Cá pra nós, tudo era muito chato

Era tudo tão sensato, difícil de agüentar

Todos nós sabíamos decor

Como tudo começou e como iria terminar

Mas de uma hora pra outra

Tudo que era tão sólido desabou, no final de um século

Raios de sol na madrugada de um sábado radical

Foi a pá de cal, tão legal

Não sei mais de onde foi que eu vim

Por que é que estou aqui

E para onde devo ir

Cá pra nós, é bem melhor assim

Desconhecer o início e ignorar o fim

Da fábula



Palavra Viva de MMM...