sexta-feira, 19 de outubro de 2007

À gre....

Logo após a nossa conversa, quando eu estava vindo para casa , veio essa música na minha cabeça. Ela é o resumo de tudo que eu queria que você guardasse em seu coração...Eu me entristeci junto com você hoje, mas NÃO DESISTA DOS SEUS SONHOS, DEUS TEM UM PLANO MARAVILHOSO PARA SUA VIDA, UM PROJETO, UM ALVO....

Você é assim, feita de sonhos e esperança

Nasceu pra amar e ser amada por alguém, eternamente
e compartilhar Jesus e a vida
Serem dois em um, uma família
Você é assim, puro romance
Chega a ser boba e engraçada,
Contagiante essa sua fé em contos de fadas
e vem você agora me dizer que está desanimada,

não quer mais saber,
que você está cansada de tanto sofrer,

que está doendo muito o seu coração
Oh minha amiga não fique assim,
não acabou o mundo, ainda não é o fim

pode ser noite agora, tempo de chorar,
mas logo chega o dia e vamos cantar..
Não desista dos seus sonhos,
Deus tem o melhor pra você
lembra que Ele está perto,
Ele sofre com você..
Não desista dos seus sonhos,

a dor com o tempo vai passar
entrega toda a tua angústia pro Consolador cuidar..
Quem ama é assim, a riscos se expõe,
Quem ama se entrega e nessa entrega pode se machucar,

mas esse é o desafio de quem quer amar..
Tua dor deve ser grande, outra vez decepção
parecia ser o cara certo, especialmente feito pra
você
talvez os pessismistas sejam certos,
desiludidos donos da razão
Jovens sonhadores são ingênuos e só quebrando a cara
aprenderão
que amor eterno é uma utopia, casamento perfeito,
ilusão
príncipe encantado, fantasia, monogamia, o mesmo que
prisão..
Que a figueira não floresça, que a videira não dê
frutos,
vem, porém, se alegrar no Senhor..
Exultai no Deus da Salvação..
Te agrada do Senhor,
e Ele satisfará os desejos do seu coração
Espera no Senhor, no tempo do Senhor a resposta pra

tua Oração..
Só não desista dos seus sonhos,
Deus tem o melhor pra você
lembra que Ele está perto,

Ele sofre com você..
Não desista dos seus sonhos,

a dor com um tempo vai passar
entrega toda a tua angústia pro Consolador cuidar..
Daqui a algum tempo você vai olhar pra trás,
Deus é fiel, vai te tornar capaz
Pois tudo como era pro bem, mesmo a dor também..
Praqueles que amam a Deus e O temem,
as suas feridas, hoje, tão expostas,
serão suas cicatrizes, só marcas do passado,
Você vai estar mais forte, pra lutar com mais garra,
pra ver seu sonho, enfim concretizado..
Não desista dos seus sonhos,
Deus tem o melhor pra você
lembra que Ele está perto,
Ele sofre com você..
Não desista dos seus sonhos,
a dor com um tempo vai passar
entrega toda a tua angústia pro Consolador cuidar..

HENRIQUE CERQUEIRA



http://www.youtube.com/watch?v=53etABnVuOg&mode=related&search=

palavra viva de Silvia

terça-feira, 16 de outubro de 2007

A miopia do coração


Sérgio Anauate [artigo encontrado em: http://www.himma.psc.br/iframe.htm]

"Na história da humanidade, sempre coube ao olhar a primazia dos sentidos, tanto na presença como na ausência, haja vista a profusão de referências à cegueira nas mitologias, religiões e tradições. Metáfora fácil: ver mas não enxergar, o que os olhos não vêm o coração não sente,....
Na evolução, os olhos se desenvolveram a partir da necessidade de sobrevivência e se constituíram basicamente em dois tipos: olhos de predador e olhos de presa. O homem é basicamente um predador, um par de olhos frontais binoculares, com grande poder de foco para detectar suas presas, que se caracterizam pelos olhos laterais, com maior campo de visão periférica para detectar a aproximação de predadores. Lembremos que a acuidade visual é dada pelos cones centrais, que permitem enxergar os detalhes e as cores, e que as laterais do olho estão revestidas pelos bastonetes a quem cabe a visão das coisas fugidias e mais sutis.
Na filosofia, não faltam imagens curiosas para explicação do milagre da visão. Epicuro especula que os corpos da natureza desprendem elementos muito sutis, películas tênues e sutis que são chamadas de simulacros, uma espécie de membrana superficial que reproduz suas formas e são levadas ao mundo dos fenômenos. São estas formas que, ao penetrar nos sentidos, provocam um encontro e modificam a estrutura dos átomos dos olhos, ou seja, de olhos abertos estamos sendo inundados por uma profusão de simulacros que atingem nossos sentidos. Eles são o invisível do visível, como aponta Adauto Novaes.
Charles de Bovelles nos faz lembrar do olho do nosso herói Alexandre quando expõe sua teoria do olhar tríplice: o angélico, humano e o animal. Diz ele: “Imaginai, porém, o olho carnal liberado de sua inserção natural na cabeça, arrancado do corpo, livre como se flutuasse no ar. Esse olho hololâmpada é o símbolo do intelecto perfeito, capaz de contemplar as coisas externas e as internas.”
Giordano Bruno traz um instigante diálogo entre os olhos e o coração. O coração se queixa do fogo que o consome e acusa os olhos de serem causa desse cruel incêndio. Perceber, ver, conhecer, eis, na verdade, o que o desejo acende. É, pois, graças aos olhos que o coração é incendiado. Por sua vez, os olhos acusam o coração de ser o princípio de todas as lágrimas, pois o fogo e a dor no coração fazem brotar as lágrimas. Assim, a relação entre os olhos e o coração, entre o pensado e o sentido, é uma via de mão dupla: os olhos apreendem as aparências e as coloca ao coração; elas se tornam, então, para o coração, objeto de desejo, e esse desejo ele o transmite aos olhos; estes concebem a luz, irradiam-na e, nela, inflamam o coração; este abrasado, espalha sobre os olhos a seu humor aquoso.
Esta é a própria exegese do Eros platônico, cujas características são desejo e visão. Penetra o coração com flechas para estimular o desejo do belo vislumbrado com o olhar.Para Leonardo da Vinci, o olho é a janela da alma, principal órgão pelo qual o entendimento pode obter a mais completa e magnífica visão dos trabalhos infinitos da natureza. A alma especula com os olhos. Enfim, o coração mais do que tudo é um órgão perceptivo, capaz de enxergar os mais profundos significados da ordem cósmica. Para o grande poeta sufi Jalal ud-Din Rumi:

Atenta para as sutilezas
que não se dão em palavras.
Compreende o que não se deixa
capturar pelo entendimento.
Dentro do coração empedernido do homem
arde o fogo que derrete o véu de cima a baixo.

O que este coração percebe é magnificamente descrito por Gilbert Durand: “ Além do ser transcendental, além do ser fragmentado pela existência, além do mundo dos fenômenos, uma outra modalidade de existir é revelada: o mundus imaginalis, esta gigantesca teia, tecida pelos sonhos e desejos da humanidade, na qual as pequenas realidades do dia-a-dia são capturadas sem querer.”

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[...]Não se pode olhar a alma de frente, mas pelos interstícios de um tecido multidisciplinar e poético. Um olhar que acaricia e não enfrenta. Da mesma forma que a visão das coisas sutis é feita pelos bastonetes na periferia dos olhos e não pelos cones frontais, enxergamos a alma das coisas como enxergamos o brilho das estrelas. Ao encará-la de frente, ela some... Recordemos Merleau-Ponty: “Ver é, por princípio, ver mais do que o que se vê, é aceder a um ser latente. O invisível é a profundidade e o relevo do visível. (...) O sensível não é feito somente de coisas. É feito também de tudo que nelas se desenha, mesmo no oco dos intervalos, tudo o que nelas deixa vestígio, tudo o que nelas figura, mesmo a título de distância e como uma certa ausência.”
[...] É preciso encontrar fragmentos, dissonâncias, rupturas que provoquem o olhar imaginal. A imagem que nos afeta, no sentido espinosano, é a incompleta, é a que perturba.
[...] No filme Cortinas de Fumaça, há uma cena contundente. Um escritor, morador do Brooklyn, vai todos os dias à tabacaria vizinha para comprar seus cigarros. Um dia, ele acorda de manhã cedo e percebe que está sem cigarros e vai à loja muito mais cedo do que o normal. Lá encontra o dono da loja postado no meio da calçada, montando uma máquina fotográfica num tripé e apontando para a esquina oposta da loja. Ele pergunta para que aquilo? Para que aquela fotografia de nada? O lojista então entra e lhe mostra uma coleção imensa de álbuns contendo fotos diárias do mesmo ponto-de-vista durante anos seguidos, a mesma esquina, dia após dia. O escritor não entende, como? se é tudo igual. Igual? responde o lojista, olhe bem, veja as mudanças das pessoas que passam, das luzes, das sombras, dos veículos, do clima, é um retrato da vida passando, cada dia diferente do outro. É então que o escritor, viúvo, percebe, numa das fotos mais antigas, a figura de sua mulher passando pela esquina. Ele, que estava numa crise de criação, percebe a riqueza do olhar do lojista, criando o espanto em cima do repetitivo.
[...] (Uma) submissão visual leva a alma a uma dupla emboscada: por um lado, o excesso de imagens, impossibilita o exercício do olhar criativo; por outro, a pasteurização das imagens inibe a provocação do olho imaginal. Assim, desenvolve-se a atrofia do olhar sensível: a miopia do coração.
E, para encerrar, eu gostaria de ler um pequeno poema que cometi durante o processo de fermentação deste trabalho. Acho que alguns aqui já conhecem, mas ele adquire novos contornos neste contexto:

O QUE VÊ O CORAÇÃO

A voz que cala no coração
Cala a voz que clama razão.
Mudo, o coração canta
O canto que a voz sussurra.
E, na penumbra da canção,
O que o olho olha
Sucumbe ao que vê o coração."

Palavra V!va de Gre!