segunda-feira, 14 de maio de 2007

Qual é sua realidade?

"Sabemos que a percepção da realidade muda segundo uma gama imensa de filtros e variáveis, desde o contexto cultural, a história pessoal e familiar, classe social, gênero, idade, disposições herdadas etc. Mas, [...] vai se formando no contexto da cultura midiática uma percepção da realidade altamente fragmentada, efêmera e impessoal, imersa no ambiente cultural da propaganda e do marketing. Os constructos simbólicos agenciados pelo sistema midiático-cultural e seu aparato tecnológico são pervasivos e atuam no longo prazo. Tomemos a percepção da guerra como exemplo. O que antes era distante no espaço e no tempo, com a transmissão ao vivo pela TV tornou-se próximo e até familiar, em virtude dos mapas e esquemas em 3D gerados por computador. Contudo, essa proximidade é exterior, não gera necessariamente identificação ou solidariedade. Participamos da guerra consumindo avidamente as imagens da guerra, ou seja: como espectadores de um filme que se desenrola diante de nós. A realidade cede à simulação, a guerra torna-se espetáculo: mísseis e “bombas inteligentes” são descritos em detalhes, em seguida mostra-se como funcionam, com casas e prédios indo pelos ares em explosões multicoloridas. A estética da morte pode inclusive fazer subir as ações na Bolsa de Nova York e, se mostra a dor das vítimas, essa dor quase não nos atinge mais." (Moreira, 2003, p. 222-223)

Qual é sua realidade?




O que mais simula-se?







O que mais não se sente quando percebe-se?

Palavra V!va de Gre!

MOREIRA, Alberto da Silva. Cultura midiática e educação infantil. Educ. Soc. [online]. 2003, vol. 24, no. 85 [citado 2007-05-14], pp. 1203-1235. Disponível em: . ISSN 0101-7330. doi: 10.1590/S0101-73302003000400006


Um comentário:

Tulipa disse...

o que nos agride é perceber que consentimos com o injusto, o falso, o desamparo e a morte... a banalização do outro chegou ao ponto de anular a empatia em relação à essencia do ser humano. A aparência é o que sustenta a marca e o homem se esconde humilhado pelo seu próprio rótulo... ninguém se reconhece mais, o não conhecimento de si gera também a anulação do outro. Simulamos ser o que não somos e tentamos acreditar ser aquilo que nunca seremos... até quando suportaremos? se é que suportamos...