Sinto os dias difíceis que parecem nunca ter fim...
A força e a coragem esvaíram-se...
Escrever é entrar em contato com esses fragmentos de vazio e dor...
Há uma busca do vento atrás do nada.
Há um deserto sem oásis.
Existe um eu desamparado,
Um eu desanimado,
Um eu estático...
A vida dura e frágil...
Existem apenas gotas de vida que molham a terra rochosa e cansada da sequidão.
"Entre mim e mim, há vastidões bastantes para a navegação dos meus desejos afligidos. Descem pela água minhas naves revestidas de espelhos. Cada lâmina arrisca um olhar, e investiga o elemento que a atinge. Mas, nesta aventura do sonho exposto à correnteza, só recolho o gosto infinito das respostas que não se encontram. Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a Minha virtude era esta errância por mares contraditórios, e este abandono para além da felicidade e da beleza. Ó meu Deus, isto é a minha alma: qualquer coisa que flutua sobre este corpo efêmero e precário, como o vento largo do oceano sobre a areia passiva e inúmera..."
Cecilia Meireles
Silvia
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