sábado, 31 de março de 2007
sexta-feira, 30 de março de 2007
quarta-feira, 28 de março de 2007
O Filtro do Eu - Artur da Távola
O esforço de julgar ou considerar o que está fora, como de fora, é dos mais difíceis: significa um profundo respeito por esse mistério que é o outro. Qualquer interferência da instância pessoal é uma violentação da liberdade profunda do outro.
Mergulhar no outro com o máximo de abertura para o que ele “é”, sente, sofre, vive ou interpreta é o máximo possível de respeito à individualidade alheia e o caminho certo para compreender a vida, as pessoas e a complexidade de suas inter-relações. Mas é muito difícil! Impossível, talvez.
Há algo de instintivo, de “sempre em guarda” no ser humano que faz passar por dentro de sua fiação psicomental tudo o que lhe entra pelos olhos, ouvidos, pele e narinas. Só depois desse trânsito pela verdade interna (ou pelas ilusões internas), o ser humano considera a “verdade” do outro. Num certo sentido, o “outro” não existe senão como projeção dos vários “eus”.
Essa dificuldade de abstrair-se do eu para considerar o outro parece ser um instinto natural de defesa contra a despersonalização ou a perda de identidade, já que o máximo de capacidade de abstrair-se do próprio eu levaria ao risco da perda da dimensão da individualidade, indispensável à manutenção de um grau mínimo de equilíbrio mental e psicológico.
Em outras palavras: é impossível ao ser humano desindividualizar-se completamente. Mas será, efetivamente, impossível, ou um hábito tenaz o impede de abstrair o eu na consideração dos fatos e das relações entre outros?
Creio ser possível, senão a abstração pessoal total, pelo menos um esforço de vigilância no sentido de não crivar tudo o que acontece com as determinações do próprio eu. Exercitando a abstração do eu e o máximo de percepção do outro, ampliaremos nossos canais sensíveis, cresceremos como pessoas, (re) aprendendo a “ver” e a “ouvir” repertórios novos. O amor e a santidade, esta raríssima, são os únicos estados no qual o ser humano impregna-se profundamente do outro sem o risco de perda da identidade, antes conseguindo-a ainda mais.
terça-feira, 27 de março de 2007
"Andando pelas ruas de uma cidade do interior paulista encontrei uma clínica de psico-pedagogia que anunciava sua especialidade em “distúrbios da aprendizagem”. Dei-me conta de já ter visto muitas clínicas com a mesma especialização, mas nenhuma que anunciasse “distúrbios de ensinagem”. Por acaso serão só os alunos que sofrem de distúrbios? Somente eles têm dificuldades em aprender? E os professores? Nenhum sofre de “distúrbios de ensinagem”? Que preconceito nos leva a atribuir o problema sempre ao aluno? Que providências terapêuticas tomar quando o perturbado é o professor? Mas que psicólogo terá coragem para passar-lhe esse diagnóstico? É mais fácil culpar o aluno."
Publicado no Correio Popular 01/05/2005
Palavra viva do pó da menina que ama e é apaixonada pelo milagre...
Sobre a transitoriedade
A propensão de tudo que é belo e perfeito à decadência, pode, como sabemos, dar margem a dois impulsos diferentes na mente. Um leva ao penoso desalento sentido pelo jovem poeta, ao passo que o outro conduz à rebelião contra o fato consumado. Não! É impossível que toda essa beleza da Natureza e da Arte, do mundo de nossas sensações e do mundo externo, realmente venha a se desfazer em nada. Seria por demais insensato, por demais pretensioso acreditar nisso. De uma maneira ou de outra essa beleza deve ser capaz de persistir e de escapar a todos os poderes de destruição.
Mas essa exigência de imortalidade, por ser tão obviamente um produto dos nossos desejos, não pode reivindicar seu direito à realidade; o que é penoso pode, não obstante, ser verdadeiro. Não vi como discutir a transitoriedade de todas as coisas, nem pude insistir numa exceção em favor do que é belo e perfeito. Não deixei, porém, de discutir o ponto de vista pessimista do poeta de que a transitoriedade do que é belo implica uma perda de seu valor. Pelo contrário, implica um aumento! O valor da transitoriedade é o valor da escassez no tempo. A limitação da possibilidade de uma fruição eleva o valor dessa fruição.
Palavra V!va de MMM...
segunda-feira, 26 de março de 2007
Falo disso talvez porque estou com saudades de rever a minha família que eu sou apaixonada (meu paizão meu lindão, a minha madrasta e meus irmãos queridos ahh e ainda tem a Yumi nossa cadelinha linda!!!). Olha que fez um mês que meu pai (meu édipo heheheh) veio me ver junto com a minha madrasta. Mas a páscoa está próxima e não vejo a hora de ir a Cuiabá revê-los.
A família é o alicerce de uma sociedade, é a rocha forte de uma estrutura social. Hoje nosso modelo econômico vigente, o capitalismo vem investindo fortemente contra a família.
Uma família convencionalmente falando tem apenas uma televisão, um computador, um microondas, uma geladeira, uma máquina de lavar e por aí vai tudo em unidade.
Uma família constrói relacionamentos ao redor de uma mesa, há conversa, há olho no olho, há sorrisos, há trocas saudáveis, há um mover de vida na família. É certo de que quem possui não a família ideal, mas a família real com seus defeitos, e seus acertos, vivências que só em um ambiente familiar podemos ter, são indivíduos que seu prazer é satisfeito na companhia do outro.
Como produto disso passam menos tempo na Internet, menos tempo em frente a TV entre outros “entretenimentos” que não fazem mais do que fazer-nos comprar desejos produzidos para adquirirmos materialmente e individualmente a felicidade. Vive-se o Ethos onde os sujeitos discernem o caráter sórdido das relações sociais e sonham com a possibilidade de uma vida melhor, porém sucumbido no seu narcisismo revela-se impotente para intervir nas circunstancias.
O capitalismo é tão cara de pau que nos cria a ilusão e nos vendem a felicidade como se fosse uma força constituinte apenas do eu, como se a realidade dependesse do nosso otimismo ou pessimismo diante de uma situação. E como resultado de egos fortemente atacados vemos sujeitos emocionalmente frágeis. E o capital bonzinho vende a formula mágica da salvação em best seller de auto ajuda. E assim vamos sendo seduzido dia a dia por esse mundo pós moderno onde o imediatismo e o individualismo são reinantes.
E nesse contexto em que o tempo todo demandam-se consumidores quando precisam se livrar do estoque de mercadoria, dos excedentes é aí que a família entra como a vilã do capitalismo, pois não tem rentabilidade alguma famílias estruturadas. Família estruturada consome menos compartilham mais.
O brinde do capitalismo é quando uma família se desfaz, o individuo que chora por ter sua família desfeita é o prazer do capital, pois é nisso que sua satisfação é encontrada é cada um para seu canto, cada individuo procurará uma nova casa, irá adquirir sua TV, sua geladeira, seu microondas e por aí vai...
Hoje uns dos maiores empreendimentos do capitalismo são os jovens os adolescentes que até o discurso atual sobre o casamento é o seguinte: Vamos nos unir sim, mas cada um na sua casa. Ou até moram na mesma casa, mas cada um tem seu banheiro, cada um tem computador, cada um tem sua tv... Épocas em que descompromisso é o senhor das relações.Tempos onde esvaziam-se a nossa essência que busca e quer compromisso com o outro.
Precisamos reavaliar e pensar nossos conceitos em relação a família, tão desacreditada nos nossos dias. A figura do capitalismo que tanto criticamos é uma estrutura simbólica, real e que seus conceitos influenciam nossas relações, mas não pode ser considerado algo distante do nosso cotidiano e nem criticado como se o dono da crítica não tivesse fazendo parte dessa rede de relações para amenizar seu sentimento de culpa. Porem o capitalismo esse sistema de macro relações é constituído por micro relações entre eu e você.
É hora de nos juntarmos e defendermos a família, a união de pessoas com garras e força. É hora defendermos o que na sua constituição há uma atmosfera do amor de Deus plantada. Pois com todas as nossas ocupações praticas diárias perdemos a noção da brevidade da vida e do que realmente vale a pena...
SHINE - Mr. Big
domingo, 25 de março de 2007
Teatro Mágico
AQUI - Ana Carolina
sábado, 24 de março de 2007
Marcela
Mulher, menina, forte, amiga, meiga, doce, linda...
Amor de Deus em forma humana
Nos engana com seu jeito frágil, pois ela é garra, paciência e perseverança.
Seu mundo particular é revestido de borboletas e flores;
Anda na contra mão do mundo. Não pertence a esse mundo...
É sonhadora.
Enxerga vida em terras secas.
Rega, cuida, alimenta...E com suas lágrimas vai molhando semeando e plantando
Até dos mais secos dos solos a vida se abre ao sentir seu amor.
Garota de riso fácil, sabe ser engraçada e surpreendente.
Sabe ouvir minhas lamurias, minhas alegrias e tristezas.
E mesmo que não tenha nada a dizer...
Chora ou ri junto.
Não me deixa desistir do que realmente vale a pena na vida..
“é a mão que me leva pro futuro”
Conhece-me e me entende...Falamos a mesma língua...
Sei que é raridade. E raridade cuida-se e guarda-se para sempre...
sexta-feira, 23 de março de 2007
(Rubem Alves, 2002)
Palavra V!va de MMM...
quinta-feira, 22 de março de 2007
Só sinto... Apenas sinto um aperto, um misto de vazio com falta
Sentimento ilhado que vela por mim
Coração amordaçado, inquieto...
Perdi minha paz
Mal de amor onde encontrar a cura?
Talvez seja hora de esquecer e sufocar o que me faz tão bem.
Por te desejar tanto, por te querer tanto
Por querer tanto vivê-lo e por não ter conseguido te viver...
É que hoje, Amor...
Faz-se tudo silencio, lágrimas e dor...
Você é um morador insistente que me convida a vivê-lo.
Um sonho que não quer acabar...
Você estava sondando meu coração
Que ele não se compadece fácil das coisas
Nem compra qualquer causa
Que não sabia para que servia o Amor
Que não se rende e nem se abre facilmente.
E que agora é seu escravo
Olho para você que tão docemente me olha
E não contenho as lágrimas
No seu olhar pude ler: Não tente me matar, me sufocar, não fui criado para ficar escondido. Estou aqui para ser demonstrado e vivido com todas as minhas facetas. Descubra o que eu sou capaz... Tenha coragem e achará riso para sua tristeza, força para sua fraqueza e cura para teu mal.
“Amar qualquer coisa é ter o coração espremido e possivelmente partido”
quarta-feira, 21 de março de 2007
Um sonho no horizonte,
Vou te pegar na sua casa,
Eu quero te contar
terça-feira, 20 de março de 2007
A análise acena com uma promessa: a de um lugar no mundo mais amplo, menos restritivo e mais aconchegante. Um lugar em que teremos que tecer com retalhos da nossa história, juntando seus pedaços na construção de uma colcha, da sua colcha, da minha colcha.. É um convite ao interior da sua casa. Uma travessia das dores para se chegar a compreensão interna daquilo que está entre o deserto árido e a mata gotejante.
Isso vale para a Terapia tambem...
palavra viva da menina que ama, ama mto o milagre...
segunda-feira, 19 de março de 2007
Versos e vida; Versos e música; Versos e poesias. A vida é poesia. O amor é musica e o nosso Ser são versos...
Permito–me escrever, não na esperança de que eu modifique as coisas, mas é a maneira que encontrei para intervir nas impossibilidades da realidade.
O escrever pode ser comparado aos sonhos uma expressão mais próxima do mundo interno. Ao escrever entramos em contato com o desconhecido, com o singelo, com o intimo.
Não quero que a minha vida se resuma a palavras, como a maioria dos poetas que escreveram com tamanha maestria sobre o amor, sobre a vida sem ao menos ter vivido, amado. Conheceram do amor através de suas fantasias, fizeram do amor uma utopia. Creio não ser umas das características do amor a utopia. Se é utópico não é amor é sonho.
O amor é sentimento de dois, amor é vontade de caminhar juntos. O amor é companheiro.
O amor é consciente e integrador olha o ser amado com seus erros e acertos e mesmo assim o ama, pois, o amor não depende e nem vive apenas de frios na barriga, mãos trêmulas e corações acelerados e vontades avassaladoras isso é a paixão que também faz parte do amor, porém são reações fisiológicas que vão e voltam com o tempo.
O amor é sentimento sim. Mas acima de tudo ele é decisão. Decidimos dividir a nossa historia com alguém, decidimos ser companheiro de alguém. Decidimos dormir e acordar ao lado de alguém. Decidimos e permitimos ser vulnerável a alguém. Decidimos deixar que alguém nos descubra dia a dia. Decidimos ser a fortaleza do ser amado onde existem as suas fraquezas e decidimos deixar o outro ser a nossa fortaleza onde somos fracos. Sem orgulhos, sem relações de poder, pois quem ama não entende a linguagem de competição, os dois trabalham em favor do mesmo objetivo, os dois entram decididos a fazer o outro feliz mesmo sabendo das inúmeras dificuldades que irão enfrentar.
Amor é manifesto no dia a dia. É uma entrega diária. É aprender a ser.
A felicidade de quem ama é quando chega o fim do dia, depois de um dia de trabalho e o outro está ali esperando para tomar um lanche juntos e conversar sobre o dia que tiveram, sobre as dificuldades que apareceram.
A felicidade de quem ama está em acolher, cuidar, enxugar as lágrimas, chorar junto e fazer o outro se sentir protegido. Amor é cumplicidade. É você dividir suas pérolas que estão guardadas no seu intimo com o outro. Amor é promover ao outro um crescimento como pessoa, levá-lo a ser alguém melhor. Amor é levá-lo a conhecer mais de Deus, da vida que há Nele. Amor é perdão e recomeço diário.
A felicidade de quem ama estaria ali em todas as pequenas e simples coisas, gestos, olhares e isso duraria a eternidade dos dias até que a morte viesse e levasse uma das dádivas. E aquele que ficou na casa deles já vazia, iria escrever sobre as lembranças do que foram mesmo em meio há muita tristeza. Aquele que ficou iria olhar para cada pedaço de suas historias e agradeceria à Deus por cada minuto ao lado do seu companheiro, por Deus ter sido o doador de um ao outro e por Deus ter feito o milagre de dois rumos mudarem e das duas vidas se encontrarem. E por fim aquele que ficou iria escrever que apesar da ausência do seu grande amor nem a eternidade toda seria o suficiente para dizer o quanto os dois foram felizes.
domingo, 18 de março de 2007
COMPLETO - Ivete Sangalo
Pra você se sentir completo
Ter a mão que te leva pro futuro
Vislumbrando um horizonte seguro
É tão bom viajarmos juntos
E viver aproveitando tudo
Amanhã vai ser melhor que hoje
Novos sonhos ao amanhecer
Imagino milhões de sorrisos
Cada um com seu jeito de ser
Mas ligados no mesmo destino
Um amor feito eu e você
O céu e o mar, a lua e a estrela
O branco e o preto,
tudo se completa de algum jeito
Homem, mulher
A faca e o queijo,
o incerto e o perfeito
Tudo se completa de algum jeito
Palavra V!va de MMM...
sábado, 17 de março de 2007
"Ciência Religiosa versus Religião Científica ”
Com o surgimento do Darwinismo (teoria da evolução) nos meados de 1860, o mundo científico mergulhou numa das maiores empreitadas de toda a sua história. Indiretamente o mundo todo tornou-se o palco do desenrolar das descobertas e das suas interpretações. Uma das noções mais antigas da humanidade, a de que o mundo foi obra de um Criador, foi gradativamente abolida por um processo que descartou tudo o mais como mera religiosidade, tornando-se assim a religião vigente, não dando oportunidade para outras possíveis explicações científicas de como tudo começou. A evolução insistiu e afirmou que espécies simples evoluíram em espécies mais complexas, e estas em outras mais complexas, e assim por diante. Para nós questionadores ficaram as perguntas: Afinal, o homem veio do macaco ou não? Adão e Eva existiram, bem como o jardim do Édem? Deus criou o mundo em seis dias literais ou em milhões ou bilhões de anos? Criação ou evolução? Uma das grandes prerrogativas do evolucionismo do século passado foi a de que o homem veio do macaco. Por quase um século ouvimos e vimos esta mensagem nas nossas escolas, na midia, etc. A ciência dos dias de hoje sabe que o homem não veio do macaco, tendo provas indiscutíveis a este respeito. Para ser claro, há mais de vinte e cinco anos a ciência não crê que o homem veio do macaco, mas sim que ambos vieram de um ancestral comum. No entanto, ainda hoje em nossas escolas, em muitos livros escolares e revistas, e mesmo nos programas e séries da televisão somos informados ainda que o homem veio do macaco. Sem dúvida, gradativamente e de uma forma quase imperceptível e sutil as pessoas serão levadas a pensar que o homem não veio do macaco, mas sim que o homem e os macacos tiveram um ancestral comum. O que aconteceu com a ciência de trinta anos atrás que afirmava categoricamente com gráficos, ilustrações e todo tipo de "prova científica" que o homem era um descendente do macaco? Ela estava errada! Completamente errada! Redondamente errada! Estonteantemente errada! Mas a ciência não poderia ter se equivocado tanto assim, é o que muitos pensam. Como seria possível com todos os milhões (senão bilhões) de dólares investidos em pesquisas, as mentes mais brilhantes do planeta por trás de cada experimento, chegar a conclusões tão erradas necessitando de uma ratificação tão radical? É justamente por causa da religiosidade do evolucionismo. O evolucionismo propõe erradamente que o mundo e a vida surgiram por conta própria, ao acaso. Sem uma base sólida e sem um raciocínio científico claro, a evolução pede para que "creiamos" nela, para que aceitemos as provas chamadas científicas, mesmo que provavelmente em mais trinta anos se tornarão obsoletas como as centenas que já se tornaram. Há algum tempo atrás eu estava andando em um campus universitário com um grupo de alunos evolucionistas. De repente avistei no chão um relógio. Imediatamente, disse a eles: vocês vêem aquele relógio? Foi pela evolução que ele chegou até aqui. Todos sorriram. Sem dúvida era ridículo alguém afirmar uma coisa assim sobre um relógio, pois todos nós sabemos que um relógio não aparece por conta própria. Ele precisa ser criado! Mas então eu continuei: Se um relógio precisa ser criado, que dizer de uma única célula? Se pudéssemos expandir uma célula um bilhão de vezes, teríamos uma fábrica de 24 kilômetros de diâmetro totalmente automatizada, realizando tantas funções únicas quanto todas as atividades do ser humano na terra, sem necessidade de gerenciamento, treinamento ou mesmo manutenção; com máquinas-robô de avanço tecnológico muito superior a toda a tecnologia conhecida por toda a humanidade até o presente; tendo a capacidade de se reproduzir numa outra fábrica, idêntica até nos menores detalhes, em questão de horas. Por que de um relógio é possível afirmar categoricamente que foi criado e de uma única célula, uma das maiores proezas de uma tecnologia tão miniaturizada, com uma complexidade infinitamente superior a de um relógio, pode-se dizer que apareceu espontaneamente? Isto não faz sentido! Se um relógio não aparece espontaneamente, muito menos uma célula. Ninguém falou nada, nem tão pouco retrucaram. Apenas olharam uns para os outros. No entanto evolução continua insistindo que vida apareceu espontaneamente, muito embora isto seja uma afronta ao raciocínio lógico e ás leis da biologia (lei da biogênesis*, de Mendel, e outras), da física (termodinâmica** e outras) e de muitas outras leis de outras disciplinas. A evolução afirma que as espécies passaram por processos evolutivos. Em outras palavras, após milhões de anos, uma espécie se tornou numa outra mais complexa. (Isto não tem sido observado nem na natureza, nem em laboratórios.) A prova disto, dizem os evolucionistas, está no registro fóssil. Antes de mais nada É como se forma um fóssil? Digamos que o seu animal de estimação (um cachorrinho) morreu. Se você jogá-lo num terreno baldio ele não se tornará um fóssil, pois irá se decompor ou será devorado por outros animais. Se você enterrá-lo, ele não se tornará um fóssil, pois irá se decompor. Um fóssil não se forma através de um processo de morte natural. Pense neste outro exemplo: os fósseis de peixes deveriam ser os mais raros. Por quê? Um peixe quando morre, bóia! No entanto muitos dos nossos livros mostram um peixinho afundando e sendo gradativamente coberto por uma camada de lama ou lodo que após milhões de anos se tornará num fóssil. Isto não faz sentido algum cientificamente. Mais uma vez, este raciocínio se torna um insulto ao raciocínio lógico baseado em observações. Na verdade, um fóssil se forma rapidamente, através de um processo de enclausulamento, ou seja, o animal morre por ser soterrado em meio a muita lama. (Este processo envolve sedimentação.) Sendo que a maioria dos fósseis são encontrados em rochas (o que foi lama e lodo no passado), de onde veio tanta lama (água mais terra) para soterrar tantos animais de tal forma que encontramos fósseis nas montanhas mais altas bem como nas perfurações do fundo dos pode ter havido tanta lama em tantos lugares, sendo que existem fósseis em todos os lugares deste planeta? Um dilúvio universal causaria isto sem a menor sombra de dúvidas. Mas para os cientistas evolucionistas, um dilúvio universal é coisa de religião. Mais uma vez deixa-se o óbvio e científico por algo de menor valor e sem objetividade (por exemplo eras glaciais, dilúvios locais, etc.). Só para se pensar: Como um dilúvio local poderia submergir uma montanha? Se fósseis são encontrados nas montanhas mais altas do planeta, o que dizer? Mas os problemas quanto aos fósseis não terminam aí. Existem mais de quinhentos chamados fósseis vivos. Um fóssil vivo se refere a um animal que além de ser encontrado como um fóssil também é encontrado vivo hoje. Um exemplo é um peixe chamado Celacantus. O celacantus, de acordo com a evolução, viveu cerca de 350 milhões de anos atrás e foi extinto cerca de 60 milhões de anos atrás. Em 1938 pescou-se o primeiro celacantus vivo na costa da África do Sul. Em 1952 o segundo celacantus foi encontrado na costa de Madagascar. Em 1987 um cardume de celacantus foi filmado no fundo do mar. Caso você tenha interesse em conhecer mais sobre o celacantus hoje, entre na internet e digite celacantus (no português) ou "coelecanths" (em inglês) no seu navegador da internet. Desde a sua extinção até hoje, cerca de 60 milhões de anos, o celacantus não demonstrou nenhum sinal de evolução (e por sinal não está extinto como a evolução propôs). Não somente ele, como também os outros mais de 500 fósseis vivos conhecidos. A pergunta é: Será que a evolução realmente aconteceu? E quanto aos elos perdidos (aqueles fósseis de animais de transição de uma espécie para outra)? Os museus do mundo inteiro não possuem nenhum exemplar. Mas e o arqueoptórix? Existem apenas quatro fósseis deste animal. Um deles, o que se encontra no Museu Britânico, tem uma pena no fóssil. Esta pena já foi provada não fazer parte do fóssil. Em outras palavras, embora o fóssil seja verdadeiro, a pena é falsa, pois ela foi colocada propositalmente ali. (Para maiores informações consulte Fred Hoyle e N. Chandra Wickramasinghe, Archeopterix, the Primordial Bird: A Case of Fossil Forgery (Swansea, England: Christopher Davis Ltd., 1986). Os demais fósseis existentes do arqueoptórix não apresentam penas nem sinais de penas. Além de não ser um elo perdido, este fóssil tornou-se um exemplo (dentre muitos outros) de quão longe cientistas podem ir para provar o seu ponto quando as evidências não os apóiam. Mas se os elos perdidos não existiram, que prova tem a evolução de que os animais evoluíram? A resposta é nenhuma! Mas e a coluna geológica? De acordo com a evolução, os animais (fósseis) que aparecem nas camadas mais inferiores surgiram primeiro na escala do tempo. O problema é que praticamente em nenhum lugar da terra pode se encontrar esta tal coluna geológica (Derek V. Ager, The Nature of the Stratigraphal Record, 2a edição, New York: John Wiley & Sons, 1981, p. 32). Na maioria dos locais, mais de 50% dessa coluna está faltando (só no Grand Canyon mais de 150 milhões de anos desta coluna imaginária estão faltando). Apenas de 15 a 20% de toda a superfície da terra apresenta alguma forma de coluna, e dentro deste percentual, apenas 1/3 aparece na "ordem certa". Em outras palavras, apenas 7% da chamada coluna geológica está de acordo com o sistema evolucionista de classificação de fósseis. Os restantes 93% que discordam da teoria, são apresentados a nós como se fossem a excessão. Por exemplo, ossos exatamente iguais aos dos homens modernos foram encontrados em camadas de rochas, que de acordo com a teoria da evolução, não deveriam conter nenhum material humano ou humanóide (crânios em Calaveras e Swanscombe; os esqueletos de Castenedolo e Reck; fósseis em Steinheim e Vertesszóllos). Mesmo assim, a coluna geológica continua a ser ensinada como prova do evolucionismo. Que grande prova! Se nós os criacionistas usássemos algo que tem o mesmo percentual de confiabilidade que o da coluna geológica evolucionista, teríamos a nossa teoria validada? E se não, por quê não? As datas fornecidas pelo evolucionismo também merecem um pouco da nossa consideração. O escritor R. H. Rastall, "Geology", Encyclopaedia Britanica, Vol 10, 1954, p. 168 diz: "Não pode ser negado que de uma perspectiva estritamente filosófica, geologistas estão usando um argumento circular. A sucessão de organismos tem sido determinada pelo estudo dos seus fósseis em rochas, e a idade relativa das rochas são determinadas pelos fósseis de organismos que estas contém". Em outras palavras, É este fóssil é do período cambriano porque está numa rocha do período cambriano. E sabe-se que esta rocha é do período cambriano porque ela contém fósseis do período cambriano E assim vai o sistema de datação. Tudo é uma questão da escala utilizada. Por exemplo, Dr. Greg J. Beasley escreveu uma monografia científica entitulada "Uma possível interpretação criacionista dos fósseis humanos arcáicos", publicado pela Creation ex nilo, Technical Journal, Vol 6 parte 2, p. 138-167. Nela o Dr. Beasley encaixa sem nenhuma dificuldade os proto cro-magnóides, os pré-neandertals, neandertals, cro-magnóides, e o homo sapiens sapiens, dentro de uma escala de tempo que vai do dilúvio até aproximadamente a entrada de Abraão na terra de Canaã. Tempo este que é descrito pela evolução como a idade da pedra (final do período pleistocênico). Sua argumentação é brilhante e com base cientifica muito sólida, trazendo lado a lado as duas escalas de tempo, a evolucionista e a cronologia bíblica. Mas ainda antes de tudo isto, temos que tratar de um problema muito mais difícil. Antes de haver fósseis e animais, e plantas, e datas como a vida começou? De acordo com a evolução havia uma "sopa viva". Deixemos de lado a imaginação e tratemos de ciência. Toda matéria viva é composta em sua maioria de proteínas, que são cadeias de aminoácidos. É conhecido desde 1930 que aminoácidos não se ajuntam na presença de oxigênio. Todos os estudos feitos em rochas mostram que o oxigênio estava presente muito antes do "aparecimento das formas de vida mais simples". Portanto, vida que necessita de proteínas para a sua existência não poderia ter se formado. Não somente isto, mas os processos descritos para a formação dos primeiros aminoácidos (calor da terra, descargas elétricas, ou radiação do sol) destroem os produtos formados pelas proteínas milhares de vezes mais rapidamente do que estas poderiam ser formadas. Em outras palavras, seria impossível vida aparecer espontaneamente. A ciência não conhece nenhum processo pelo qual vida possa ter sido gerada espontaneamente. Mas ainda assim somos endoutrinados de que vida apareceu espontaneamente, apesar de todos os processos conhecidos e todas as probabilidades dizerem o contrário: que vida só pode ter aparecido por meio de um ato único de um Criador. Como já foi bem definido pelo Dr. R. L. Wysong em The Creation/Evolution Controversy (East Lansing, MI: Inquiry Press, 1976, p. 44): "A evolução não É uma formulação do verdadeiro método científico. Eles (cientistas evolucionistas que confessam que a evolução não pode ser provada cientificamente) compreendem que evolução significa a formação inicial de organismos desconhecidos a partir de processos químicos desconhecidos numa atmosfera ou oceano de composição desconhecida, sob condições desconhecidas, cujos organismos subiram então uma escada evolucionista desconhecida, mediante um processo desconhecido, deixando uma evidência desconhecida". Para surpresa de muitos, tudo o que foi falado até aqui implica no fato de que para se aceitar a evolução há necessidade de fé. O mesmo tipo de fé que quando aplicado ao criacionismo, faz com que este seja considerado uma religião pelos evolucionistas. Usando-se dos mesmos critérios, o que deveria ser comum na ciência, quando tratamos de evolução devemos então tratá-la nada mais nada menos do que religião. Com o uso de uma terminologia científica e os efeitos especiais criados pela fotografia e cinema, a evolução tem se mostrado como a única explicação razoável do aparecimento de todas as coisas, tentando de todas as formas possíveis mostrar aquilo para o que não existe evidência. Esquecem-se os que apoiam a evolução, que homens como Sir Isaac Newton (criador das leis da mecânica clássica, da gravidade, da matemática de cálculos, do telescópio, etc.), Leonhard Euler (criador das funções transcedentais beta e gama, um dos maiores gênios da matemática de todos os tempos, etc), James Clerk Maxwel (criador da equações maxwelianas de eletricidade e magnetismo, e das teorias dos gases, etc.), e a lista continuaria com uma grande quantidade de homens e mulheres ilustríssimos quanto ao que conseguiram realizar na área das ciências, que estes foram homens e mulheres, que acima de tudo o que inventaram e criaram, foram pessoas de fé, tementes ao Deus que criou todas as coisas. Pelo fato deles terem uma "boa religião", a qual também é correta cientificamente, é que temos até hoje o legado que eles nos deixaram, sem a necessidade de atualização. As leis que Newton desenvolveu continuam tão boas quanto a 400 anos atrás. As equações de Euler continuam sendo utilizadas em todos os campos da ciência. O trabalho de Maxwell continua sendo uma "obra clássica da capacidade humana".”
Adauto J. B. Lourenço, B. Sc., MSc., é formado em Física pela Bob Jones University, USA. Mestrado em Física Nuclear pela Clemson University, USA. Pesquisador responsável em Sistemas de Imagem de Estruturas Atômicas (Oak Ridge National Laboratory), é membro da American Physics Society, EUA e pesquisador em Trocas de Energia em Nível Atômico (Max Planck Institut für Stromunsgsforchung, Alemanha). É também formado em teologia pelo Seminário Bíblico Palavra da Vida.
*Só lembrando à vocês que a lei da biogênese nos diz que vida gera vida, e não de matéria inanimada tenha-se vida.
** Lembrei-me que a segunda lei da termodinâmica nos diz que tudo parte do organizado para o caos. E não como a teoria do big bang nos propõe que tudo partiu do caos para o organizado...
A Transformação Socialista do Homem - Lev Vygotsky, 1930
Mas, juntamente com o início da vida social e histórica humana e das mudanças fundamentais nas condições às quais ela teve que se adaptar, mudou também, muito radicalmente, o próprio caráter do curso subseqüente da evolução humana. Até onde se pode julgar, com base no material efetivo disponível que foi obtido principalmente comparando os tipos biológicos de povos primitivos às fases mais primitivas de seu desenvolvimento cultural com representantes das raças mais culturalmente avançadas, até onde esta questão pode ser resolvida através de teoria psicológica contemporânea, há razões fortes para supor que o tipo biológico humano mudou notavelmente pouco durante o curso do desenvolvimento histórico do homem. Isto não quer dizer, é claro, que a evolução biológica paralisou-se e que a espécie humana é uma quantidade estável, inalterável, constante, mas sim que as leis fundamentais e os fatores essenciais que dirigem o processo de evolução biológica retrocederam ao plano de fundo e, ou decaíram completamente, ou tornaram-se uma parte reduzida ou sub-dominante das novas e mais complexas leis que governam o desenvolvimento social humano.
Realmente, a luta pela sobrevivência e a seleção natural, as duas forças motrizes da evolução biológica no mundo animal, perdem a sua importância decisiva assim que passamos a considerar o desenvolvimento histórico do homem. As novas leis que regulam o curso da história humana e que regem o processo de desenvolvimento material e mental da sociedade humana, agora tomam os seus lugares.
Como um indivíduo só existe como um ser social, como um membro de algum grupo social em cujo contexto ele segue a estrada do desenvolvimento histórico, a composição de sua personalidade e a estrutura de seu comportamento reveste-se de um caráter dependente da evolução social cujos aspectos principais são determinados pelo grupo. Já nas sociedades primitiva, que só há pouco estão dando os seus primeiros passos ao longo da estrada do desenvolvimento histórico, a completa constituição psicológica dos indivíduos pode ser vista como diretamente dependente do desenvolvimento de tecnologia, do grau de desenvolvimento das forças de produção e da estrutura daquele grupo social ao qual o indivíduo pertence. Pesquisas no campo da psicologia étnica forneceram provas incontroversas de que estes fatores, cuja interdependência intrínseca foi estabelecida pela teoria do materialismo histórico, são os componentes decisivos da psicologia integral do homem primitivo.
Em nenhum outro lugar, de acordo com Plekhanov, esta dependência da consciência relativa ao modo de vida manifesta-se de maneira mais óbvia e direta que na vida do homem primitivo. Isto ocorre por serem os fatores que realizam a mediação entre o progresso tecnológico e o psicológico ainda muito deficientes e primitivos, esta é a razão pela qual esta dependência pode ser observada quase que em seu estado bruto. Mas uma relação muito mais complicada entre estes dois fatores pode ser observada em uma sociedade altamente desenvolvida que adquiriu uma estrutura de classes complexa. Aqui a influência da base sobre a superestrutura psicológica do homem não se dá forma direta, mas mediada por um grande número de fatores materiais e espirituais muito complexos. Mas, até mesmo aqui, a lei fundamental do desenvolvimento histórico humano, que proclama serem os seres humanos criados pela sociedade na qual vivem e que ela representa o fator determinante na formação de suas personalidades, permanece em vigor.
Do mesmo modo que a vida de uma sociedade não representa um único e uniforme todo, e a sociedade ela mesma é subdividida em diferentes classes, assim também, não pode ser dito que a composição das personalidades humanas representa algo homogêneo e uniforme em um dado período histórico, e a psicologia tem que levar em conta o fato básico que a tese geral que foi formulada agora mesmo, só pode ter uma conclusão direta, confirmar o caráter de classe, natureza de classe e distinções de classe que são responsáveis pela formação dos tipos humanos. As várias contradições internas que são encontradas nos diferentes sistemas sociais encontram sua expressão tanto no tipo de personalidade quanto na estrutura da psicologia humana naquele período histórico.
Nas descrições clássicas do período inicial do capitalismo, Marx enfatiza freqüentemente o tema da corrupção da personalidade humana que é provocada pelo crescimento da sociedade capitalista industrial. Em um dos extremos da sociedade, a divisão entre o trabalho intelectual e o físico, a separação entre a cidade e o campo, a exploração cruel do trabalho da criança e da mulher, pobreza e a impossibilidade de um desenvolvimento livre e completo do pleno potencial humano, e no outro extremo, ócio e luxo; disso tudo resulta não só que o tipo humano originalmente único torna-se diferenciado e fragmentado em vários tipos nas diversas classes sociais que, por sua vez, permanecem em agudo contraste umas às outras, mas também na corrupção e distorção da personalidade humana e sua sujeição a um desenvolvimento inadequado, unilateral em todas estas diferentes variantes do tipo humano.
‘Juntamente com a divisão de trabalho’, diz Engels,’o próprio homem foi subdividido’ de acordo com Ryazanov,’toda forma de produção material especifica alguma divisão social do trabalho, e que é responsável por sua divisão espiritual. A começar pela corrupção da sociedade primitiva, já podemos observar a seleção de várias funções espirituais e organizacionais em espécies e subespécies determinadas correspondentes ao esquema da divisão social de trabalho’. Mais adiante Engels diz:
“Já a primeira grande divisão do trabalho, a divisão entre a cidade e o campo, condenou a população rural a milênios de entorpecimento mental, e os moradores de cidade à escravização, cada um segundo seu trabalho particular. Destruiu a base para desenvolvimento espiritual do primeiro, e a do físico para o último. Se um camponês é o mestre de sua terra e o artesão de sua arte, então, em grau nada menor, a terra governa o camponês e a arte o artesão. A divisão do trabalho causou ao homem sua própria subdivisão. Todas as demais faculdades físicas e espirituais são sacrificadas a partir do momento que se desenvolve somente um tipo de atividade”
“Esta degeneração do homem avança à medida que a divisão do trabalho alcança seu nível mais alto na manufatura. A manufatura’quebra’ o ofício do artesão em operações fracionadas, atribui, na qualidade de vocação, cada uma delas a um trabalhador distinto e os acorrenta a uma operação fracionária específica, a uma ferramenta específica de trabalho para o resto da vida...”
“E não só os trabalhadores, mas também as classes que os exploram diretamente ou indiretamente, que são escravizadas pelos instrumentos de suas atividades, como resultado da divisão de trabalho: os burgueses mesquinhos, por seu capital e desejo por lucro; o advogado pelas idéias jurídicas ossificadas que o governam como uma força independente;’as classes educadas’ em geral, por suas limitações locais particulares e unilaterais, suas deficiências físicas e miopia espiritual. Estão todos mutilados pela educação que os treina para uma certa especialidade, pela escravização vitalícia a esta especialidade, até mesmo se esta especialidade é fazer absolutamente nada."
Isto é o que Engels escreveu em’O Anti-Dühring’. Nós temos que proceder da suposição básica que produção intelectual é determinada pela forma de produção material.
“Assim, por exemplo, no capitalismo é encontrada uma forma diferente de produção espiritual daquela prevalecente durante a Idade Média. Cada forma historicamente definida de produção material tem sua forma correspondente de produção espiritual, e isto, por sua vez, significa que a psicologia humana, que é o instrumento direto desta produção intelectual, assume uma forma específica a cada fase determinada do desenvolvimento”.
Esta incapacitação dos seres humanos, este desenvolvimento unilateral e distorcido das suas várias capacidades, que Engels descreve, e que surge com a divisão entre cidade e campo, está crescendo a uma enorme velocidade devido à influência da divisão tecnológica de trabalho. Engels escreve:
“Todo conhecimento, perspicácia e vontade que o camponês e o artesão independentes desenvolvem, embora em uma escala pequena, como o selvagem que age como se toda a arte da guerra consistisse no exercício de sua astúcia pessoal, estas faculdades agora são requeridas apenas da fábrica como um todo. As potências intelectuais de produção as fazem desenvolver em um só sentido, porque as fazem extinguir em muitos outros. O que foi perdido pelos trabalhadores especializados [‘teilarbeiter’] está concentrado no capital que os emprega. Como resultado da divisão de trabalho no seio da manufatura, o trabalhador é levado a encarar as potências intelectuais do processo material de produção como propriedade alheia, e como um poder que o domina. Este processo de separação começa em co-operação simples na qual o capitalista representa para o trabalhador particular a unidade e a vontade do trabalho social [‘Arbeitskörpers’].Isto que começa na manufatura, que mutila o trabalhador transformando-o em um trabalhador especializado, é terminado pela indústria de larga escala que separa a ciência, como um potencial produtivo, do trabalho e a coloca a serviço do capital."
Como resultado do avanço do capitalismo, o desenvolvimento da produção material trouxe simultaneamente consigo a divisão progressiva do trabalho e o crescente desenvolvimento distorcido do potencial humano. Se’na manufatura e no trabalho artesanal o trabalhador faz uso de suas ferramentas, então na fábrica ele se torna o criado da máquina’. Marx diz que no primeiro caso ele inicia o movimento da ferramenta, mas no segundo ele é forçado a seguir seu movimento. Os trabalhadores se transformam em’extensões vivas das máquinas’, o que resulta na’tenebrosa monotonia do infinito tormento do trabalho’ que Marx [1890/1962, pág. 445] diz ser o elemento característico daquele período no desenvolvimento do capitalismo que ele está descrevendo. O trabalhador é preso a uma função específica, e de acordo com Marx [ibid, pág. 381], isto o transforma’de um trabalhador em uma anormalidade que artificialmente ['treibhausmäsig'] é nutrida por apenas uma habilidade especial, suprimindo toda a riqueza restante de seus talentos e inclinações produtivas’.
Nos dias atuais, o trabalho da criança representa um exemplo particularmente horrorizante da deformação do desenvolvimento psicológico humano. Na busca por trabalho barato e devido à simplificação extrema das funções que os trabalhadores têm que levar a cabo, o recrutamento em larga escala de crianças tornou-se possível, o que resulta em um desenvolvimento retardado, ou um completamente unilateral e distorcido que acontece na idade mais impressionante, quando a personalidade da pessoa está sendo formada. A pesquisa clássica de Marx está cheia de exemplos de’esterilidade intelectual’,’degradação física e intelectual’, transformação’de seres humanos imaturos em máquinas para a produção de mais-valia’ [ibid., pp. 421-2], e ele apresenta um quadro vívido de todo o processo que resulta em uma situação na qual’o trabalhador existe em função do processo de produção, e não o processo de produção em função do trabalhador’[ibid., pág. 514].
Porém, todos estes fatores negativos não dão um quadro completo de como o processo de desenvolvimento humano é influenciado pelo crescimento acelerado da indústria. Todas estas influências adversas não são inerentes à indústria de larga escala como tal, mas à sua organização capitalista que está baseada na exploração de enormes massas da população e que resultou em uma situação na qual em vez de todo passo novo para a conquista da natureza pelos seres humanos, todo novo patamar de desenvolvimento da força produtiva da sociedade, não só não elevou a humanidade como um todo, e cada personalidade humana individual, para um nível mais alto, mas conduziu a uma degradação mais profunda da personalidade humana e de seu potencial de crescimento.
Enquanto observadores dos efeitos incapacitantes do processo de progresso da civilização sobre os seres humanos, filósofos como Rousseau e Tolstói não puderam ver nenhuma outra solução que um retorno à integralidade e pureza da natureza humana. De acordo com Tolstói, nosso ideal não está à nossa frente, mas atrás de nós. Neste sentido, do ponto de vista deste romantismo reacionário, os períodos primitivos de desenvolvimento da sociedade humana apresentam-se como aquele ideal que a humanidade deveria estar perseguindo. Realmente, uma análise mais profunda das tendências econômicas e históricas que regulam o desenvolvimento do capitalismo mostra que este processo de mutilação da natureza humana, acima discutida, é inerente não só ao crescimento da indústria de grande escala, mas à específica forma de organização da sociedade capitalista.
A mais fundamental e importante contradição em toda esta estrutura social consiste no fato que dentro dela, sob pressão inexorável, estão evoluindo forças para sua destruição, e estão sendo criadas as precondições para sua substituição por uma nova ordem baseada na ausência da exploração do homem pelo homem. Mais de uma vez, Marx demonstra como o trabalho, ou a indústria de larga escala, em si mesmos, não levam necessariamente à mutilação da natureza humana, como um seguidor de Rousseau ou Tolstói assumiria, mas, pelo contrário, contêm dentro de si mesmos possibilidades infinitas para o desenvolvimento da personalidade humana.
Ele diz,’como pode ser averiguado a partir dos exemplos dados por Robert Owen, tem crescido a semente de um sistema educacional futuro que combinará o trabalho produtivo com a educação formal e física para todas as crianças acima de uma certa idade, não só como um método de aumento da produção, mas como o único método de produzir seres humanos bem equilibradamente educados’ [ibid., pp. 507-8]. Assim a participação das crianças nas fábricas, que sob o sistema capitalista, particularmente durante o período descrito de crescimento do capitalismo, é a fonte da degradação física e intelectual, contém em si mesma as sementes para um sistema educacional futuro e pode vir a constituir-se na forma mais elevada de criação de um tipo novo de ser humano. O crescimento da indústria de grande escala faz necessário, por si só, que se construa um novo tipo de trabalho humano e um novo tipo de ser humano que seja capaz de levar a cabo estas novas formas de trabalho.’A natureza da indústria de larga escala estipula um trabalho mutável; uma mudança ininterrupta de funções e uma completa mobilidade para o trabalhador’, diz Marx:’o indivíduo que foi se transformado em uma fração, o portador simples de uma função social fracionária, será substituído por um indivíduo completamente desenvolvido para quem as funções sociais diversas representam formas alternativas de suas atividades' [ibid., pp. 511-12].
Assim não só se demonstra que a combinação do trabalho industrial com a educação provou ser uns meios de criar pessoas plenamente desenvolvidas, mas também que o tipo de pessoa que será exigida para trabalhar neste processo industrial altamente desenvolvido, diferirá substancialmente do tipo de pessoa era o produto do trabalho voltado para a produção durante o período inicial do desenvolvimento capitalista. Neste aspecto o fim do período capitalista apresenta uma antítese notável relativa a seu começo. Se no princípio o indivíduo foi transformado em uma fração, no executor de uma função fracionária, em uma extensão viva da máquina, então ao término, as próprias exigências da indústria requererão uma pessoa plenamente desenvolvida, flexível e que seja capaz de alterar as formas de trabalho, de organizar o processo de produção e de controlá-lo.
Não importa qual característica particular e definidora do tipo psicológico humano que tomemos, seja nos períodos iniciais ou recentes do desenvolvimento do capitalismo, em todos os casos nós encontraremos sempre um significado e um caráter duplos em cada característica crucial. A fonte da degradação da personalidade na forma capitalista de produção, também contém em si mesma o potencial para um crescimento infinito da personalidade.
Para dar um exemplo, concluiremos examinando situações de trabalho onde pessoas de ambos os sexos e de todas as idades têm que trabalhar juntas.’A composição do quadro geral de empregados por pessoas de ambos sexos e todas as idades...’, diz Marx,’deve, pelo contrário, sob circunstâncias apropriadas, se transformar em uma fonte de desenvolvimento humano’ [ibid., pág. 514].
Disto pode se tirar que o crescimento da indústria de grande escala contém dentro de si mesmo o potencial escondido para o desenvolvimento da personalidade humana e que somente a forma capitalista de organização do processo industrial é a responsável pelo fato de todas estas forças exercerem uma influência unilateral e incapacitante que retarda o desenvolvimento pessoal.
Em um de seus primeiros trabalhos, Marx escreve que se a psicologia desejar se tornar uma ciência realmente relevante, terá que aprender ler o livro da história da indústria material que encarna’os poderes essenciais de homem', e que é uma encarnação concreta da psicologia humana. Da maneira como se dá, toda a tragédia interior do capitalismo consiste no fato que na ocasião em que o estudo objetivo da psicologia do homem, que continha dentro de si potencial infinito de domínio sobre a natureza e sobre o desenvolvimento de sua própria natureza, crescia a passo acelerado, sua vida espiritual real estava degradando e passando pelo processo que Engels descreveu tão vividamente como a mutilação do homem.
Mas a essência de toda esta discussão consiste no fato que esta dupla influência de fatores inerentes à indústria de grande escala sobre o desenvolvimento pessoal do homem, esta contradição interna do sistema capitalista, não pode ser solucionada sem a destruição do sistema capitalista de organização industrial. Neste sentido, a contradição parcial que nós já mencionamos, entre o poder crescente do homem e sua degradação que paralelamente aprofunda-se, entre seu crescente domínio sobre a natureza, e sua liberdade por um lado, e a sua escravidão e dependência crescentes das coisas produzidas por ele mesmo, no outro—nós desejamos reiterar que esta contradição representa só uma parte de uma contradição muito mais geral e totalizadora que subjaz ao sistema capitalista tomado como um todo. Esta contradição geral. entre o desenvolvimento das forças de produção e a ordem social que correspondente a este nível de desenvolvimento das forças de produção, é resolvida pela revolução socialista e uma transição para uma nova ordem social e uma nova forma de organização das relações sociais.
Paralelamente a esse processo, uma mudança na personalidade humana e uma alteração do próprio homem deve inevitavelmente acontecer. Esta alteração tem três raízes básicas. A primeira delas consiste no fato mesmo da destruição das formas capitalistas de organização e produção e das formas de vida social e espiritual que a partir daí irão surgir. Junto com o desfacelamento da ordem capitalista, todas as forças que oprimem o homem e que o mantêm escravizado pelas máquinas e que interferem com o seu livre desenvolvimento também desaparecerão e serão destruídas. Junto com a liberação dos muitos milhões de seres humanos da opressão, virá a libertação da personalidade humana das correntes que restringem seu desenvolvimento. Esta é a primeira fonte—a liberação de homem.
A segunda fonte de qual emerge a alteração de homem reside no fato de que ao mesmo tempo em que as velhas correntes desaparecem, o enorme potencial positivo presente na indústria de grande escala, o já crescente poder dos homens sobre a natureza, será liberado e tornado operativo. Todas as características discutidas acima, das quais o exemplo mais notório é a forma completamente nova de criar um futuro baseado na combinação de trabalho físico e intelectual, perderão seu caráter dual e mudarão o curso de sua influência de um modo fundamental. Considerando que anteriormente suas ações foram dirigidas contra as pessoas, agora elas começam a trabalhar por causa delas. De seu papel de obstáculos desempenhado outrora, elas se transformam em forças poderosas de promoção do desenvolvimento da personalidade humana.
Finalmente, a terceira fonte que inicia a alteração de homem é mudança nas próprias relações sociais entre as pessoas. Se as relações entre pessoas sofrem uma mudança, então junto com elas as idéias, padrões de comportamento, exigências e gostos também mudarão. Como foi averiguado por pesquisa psicológica a personalidade humana é formada basicamente pela influência das relações sociais, i.e., o sistema do qual o indivíduo é apenas uma parte desde a infância mais tenra.’Minha relação para com meu ambiente’, diz Marx,’é minha consciência’. Uma mudança fundamental do sistema global destas relações, das quais o homem é uma parte, também conduzirá inevitavelmente a uma mudança de consciência, uma mudança completa no comportamento do homem.
A educação deve desempenhar o papel central na transformação do homem, nesta estrada de formação social consciente de gerações novas, a educação deve ser a base para alteração do tipo humano histórico. As novas gerações e suas novas formas de educação representam a rota principal que a história seguirá para criar o novo tipo de homem. Neste sentido, o papel da educação social e politécnica é extraordinariamente importante. As idéias básicas que justificam a educação politécnica consistem em uma tentativa de superar a divisão entre trabalho físico e intelectual e reunir pensamento e trabalho que foram separados durante o processo de desenvolvimento capitalista.
De acordo com Marx, a educação politécnica proporciona a familiaridade com os princípios científicos gerais a todos os processos de produção e, ao mesmo tempo, ensina as crianças e adolescentes que habilidades práticas tornam possível para eles operarem as ferramentas básicas utilizadas em todas as indústrias. Krupskaja formula esta idéia da seguinte maneira:
"Uma escola politécnica pode ser distinguida de uma escola de comércio pelo fato de centrar-se na interpretação de processos de trabalho, no desenvolvimento da habilidade para unificar teoria e prática e na habilidade para entender a interdependência de certos fenômenos, enquanto em uma escola de comércio o centro de gravidade está em proporcionar para os alunos habilidades para o trabalho".
Coletivismo, a unificação do trabalho físico e intelectual, uma mudança nas relações entre os sexos, a abolição da separação entre desenvolvimento físico e intelectual, estes são os aspectos fundamentais daquela alteração do homem que é o assunto de nossa discussão. E o resultado a ser alcançado, a glória e coroamento de todo esse processo de transformação da natureza humana, deveria ser o aparecimento da forma mais alta de liberdade humana que Marx descreve da seguinte maneira:’Somente em comunidade,[com os outros, cada] indivíduo [possui] os meios de cultivar seus talentos em todas as direções: só em comunidade, então, é possível a liberdade pessoal’. Assim como a sociedade humana, a personalidade individual precisa dar este salto que a leva do reino da necessidade à esfera de liberdade, como foi descrito por Engels.
Sempre que a alteração do homem e a criação de um novo nível mais elevado de personalidade e conduta humanas são postas em discussão, é inevitável que sejam mencionadas idéias sobre um tipo novo de ser humano relacionado à teoria de Nietzsche sobre o super-homem. Partindo das perfeitamente verdadeiras suposições que a evolução não parou no homem e que o tipo moderno de ser humano representa nada além de uma ponte, uma forma transitória, que conduz a um tipo mais elevado, que a evolução não esgotou suas possibilidades quando criou o homem e que o tipo moderno de personalidade não é a realização mais alta e a última palavra no processo de desenvolvimento, Nietzsche concluiu que uma criatura nova pode surgir durante o processo de evolução, um super-homem que guardará a mesma relação com homem contemporâneo que o homem contemporâneo guarda com o macaco.
Porém, Nietzsche imaginou que o desenvolvimento deste tipo mais elevado de homem estava sujeito à mesma lei de evolução biológica, a luta pela vida e a seleção baseada na sobrevivência do mais apto, que prevalece no mundo animal. É por isto que o ideal de poder, a auto-afirmação da personalidade humana em toda sua abundância de poder e ambição instintivos, o individualismo áspero de homens e mulheres fora de série, de acordo com Nietzsche, formariam, a estrada para a criação de um super-homem.
Esta teoria é errônea, porque ignora o fato que as leis de evolução histórica do homem diferem fundamentalmente das leis da evolução biológica e que a diferença básica entre estes dois processos consiste no fato que um ser humano evolui e se desenvolve como um ser histórico, social. Só uma elevação de toda a humanidade a um nível mais alto de vida social, a liberação de toda a humanidade, pode conduzir à formação de um novo tipo de homem.
Porém, esta mudança do comportamento humano, esta mudança da personalidade humana, tem que conduzir, inevitavelmente, à evolução do homem para um tipo superior, para a alteração do tipo biológico humano. Tendo dominado os processos que determinam sua própria natureza, o homem que hoje está lutando contra velhice e doenças, ascenderá, indubitavelmente, a um nível mais elevado e transformará sua própria organização biológica. Mas esta é a fonte do maior paradoxo histórico do desenvolvimento contido nesta transformação biológica do tipo humano, que ela é alcançada principalmente por meio da ciência, da educação social e da racionalização dos modos de vida. A alteração biológica do homem não representa uma condição prévia para estes fatores, mas, ao invés disso, é um resultado da liberação social do homem.
Neste sentido Engels, que tinha examinado o processo de evolução do macaco ao homem, disse que trabalho que criou o homem.
Partindo daí, poder-se-ia dizer que novas formas de trabalho criarão o novo homem e que este homem novo se assemelhará ao tipo antigo de homem,’o antigo Adão’, apenas no nome, da mesma maneira como, de acordo com a grande declaração de Spinoza, um cão, o animal que late, se assemelha a Cão constelação celeste.